quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A TRISTE REALIDADE DO NOMADISMO EVANGÉLICO BRASILEIRO

1. O N.T. diz que uma mula falou, eu ouvi um ‘burro’ falando.

Esse burro disse o seguinte: “Cuidado com os crentes nômades”. Essa frase chocante me causou grande indignação e me fez passar a noite pensando nas razões que levaram a pessoa a afirmar tal absurdo, e, por conseguinte, nas implicações que um movimento sob essa bandeira pode causar no rebanho de Deus.

Para início de conversa é necessário buscar a definição do termo nômade. A Winkipédia diz o seguinte:

“O nomadismo é a prática dos povos nômades, ou seja, que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do tipo caçadores-coletores ou pastores, mudando-se a fim de buscar novas pastagens para o gado, quando se esgota aquela em que estavam. Os nômades não se dedicam à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras nacionais na sua busca por melhores pastagens”.

Por essa definição, entendo que a falta de uma habitação fixa e a premente necessidade de alimento são as principais causas das frequentes mudanças. Confronto essa realidade nômade com a Palavra de Deus e observo que o nomadismo tem tudo a ver com aquilo que deveria ser a realidade do crente.

Todo cristão verdadeiramente nascido pela fé em Jesus Cristo mediante a sua graça, em conformidade com Efésios 2.8, assume uma nova cidadania, não terrena conforme os padrões desse mundo, mas celestial donde o Todo-Poderoso reina absoluto e soberanamente.

“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3.20).

Pedro chama os crentes de estrangeiros, peregrinos e forasteiros, pessoas normais, porém, não comuns, possuidores sim de uma cidadania terrena, mas que absolutamente viviam pela fé nessa presente vida como peregrinos em terra estranha, aguando a bendita promessa da vinda de Jesus para a confirmação e estabelecimento dessa nova habitação em glória.

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia) (1ª Pedro 1.1)

“Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros...” (1ª Pedro 2.11-a)

Outra verdade sobre esse assunto está no fato de todo verdadeiro cristão na Bíblia ser comparado a uma ovelha, e é fato de que nenhuma ovelha permanece viva e saudável sem ter a sua disposição uma alimentação adequada, equilibrada e balanceada.

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (João 10.27).

2. O que diz as pesquisas sobre essa anomalia evangélica?

A edição online da Folha de São Paulo de 15/08/2011 destaca o seguinte:

“O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu, informa reportagem de Antônio Gois e Hélio Schwartsman, publicada na Folha desta segunda-feira. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas. Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais. No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças - o que reforça a tese da desinstitucionalização.”


Enquanto as maiorias dos movimentos religiosos propalam o crescimento do número de evangélicos no Brasil, institutos de pesquisas seculares mostram através de seus dados que existe uma grave enfermidade no meio religioso brasileiro, evidenciado principalmente nas denominações do chamado pentecostalismo.

É alarmante e extremamente preocupante o número de fiéis descontentes e entristecidos que ano após ano engrossam as fileiras dos ‘sem-igrejas’ no nosso país. Isso sem falar no incontável número de apóstatas que abdicam da fé em Jesus e a imensurável multidão de religiosos nominais, que incorporados, incham as denominações sem deter nenhum tipo de vínculo com a fé cristã.


3. “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto!", diz o Senhor. (Jeremias 23.1).

Considero a liderança eclesiástica brasileira como a principal responsável pelo atual situação do evangelicalismo moderno. Reproduzo abaixo artigo escrito pelo indignado pastor Ricardo Gondim, na ocasião do escândalo das sanguessugas como um exemplo vívido de como a fé e os fiéis são usados como massa de manobra pela liderança.

O Brasil descobriu que tem lobos vestidos de pastores; uma corja imunda. São os políticos evangélicos que gatunaram o Ministério da Saúde; testas-de-ferro de igrejas, apóstolos e bispos  mentirosos que afirmavam haver necessidade de eleger crentes para o Congresso Nacional com um discurso de que almejavam os interesses do Reino de Deus.

Por favor, não insistam em me pedir que seja misericordioso com esses ratos alados: eles sugaram o sangue de brasileiros pobres. A única sugestão que tenho para eles é que cada um amarre uma corda no pescoço e se jogue de uma ponte para dentro de qualquer esgoto. 

Por favor, não insistam comigo. Não serei compreensivo. Estou enfurecido. De nada me valerão argumentos de que esses políticos evangélicos podem ser escuma fétida, mas que pregam uma mensagem libertadora. Não tolero mais ouvir essa desculpa. Não acredito que a causa evangélica precise conviver com tanta ignomínia, desde que "salve almas”. Nenhuma “salvação” seria tão excelente que justifique essa indecência que veio à tona, mas que há tempos corre frouxa nos porões das mega "empresas-igrejas" que mercadejam esperanças.

É vergonhoso fazer parte de uma geração da qual os líderes amam o supérfluo e abominam o essencial. Salta aos olhos a intenção dessa corja dominante em relação à igreja. Utilizam-se da simplicidade dos fiéis para explorá-los sem misericórdia. São lobos devoradores que envergonham, entristecem e matam o rebanho de Jesus para depois chama-los de ciganos, ou nômades da fé.

Esses ditadores cruéis usam descaradamente o doce nome de Jesus para manipular, enganar e estabelecer reinos para si próprios, homens multimilionários amantes da luxúria e financiadores da prostituição. Masturbam o ego utilizando como ferramenta erótica o próprio poder, deles se exala o cheiro pútrido dos seus pecados. Suas doutrinas é como o banhar-se e tornar a vestir roupa suja, fazer uma refeição servida em latrinas. Sua mensagem é veneno mortal.


3. Sou nômade e daí!?

A evidente falta de identidade que grande parte dos nômades da fé tem é justamente em virtude das patifarias praticadas nos ministérios atualmente. Neste reino mundano o ministério bíblico é sufocado, lá os contradizentes são tratados como inimigos de estado, e os dissidentes como traidores. Em suas catedrais os pregadores sensatos e fiéis são reputados como pessoas nocivas e perigosas, lá o evangelho é deturpado ao bel prazer da escória (membros) havida por ensinos mirabolantes e que privilegiam o hedonismo.

Assumo minha condição de nômade, pois, faço parte de um organismo vivo chamado Igreja de Cristo, também conhecida e destacada como a noiva do Cordeiro. Repito sem pudor o que Jesus disse a Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”.

Pregando numa denominação há alguns anos atrás, fui indagado: Qual a sua denominação? Respondi sem titubear: Assembleia Universal dos Remidos Pelo Sangue de Jesus. Entendi que aquele clérigo valorizava o ministro tipo puro-sangue, privilegiava os nascidos, criados e engessados por seu colégio tendencioso (entenda-se por visão ministerial) numa semelhança muito triste com a religião nazista do século passado. Entendi desde então que a religião moderna cria novos Hitler’s todos os dias.

Em artigo publicado no Jornal do Brasil (03/09/07), Leonardo Boff lembra que no quarto século quase todos os bispos aderiram à heresia arianista, segundo a qual Jesus é apenas semelhante a Deus, e não imagem visível do Deus invisível (Cl 1.15).

“Foram os leigos que salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus”, acrescenta Boff.

É preciso lembrar que foi uma mulher (Débora) e não um homem (Baraque) que tornou possível a vitória de Israel sobre o rei de Canaã e sobre seus novecentos carros de ferro, depois de vinte anos de opressão (Jz 4).

É preciso lembrar que foi o caçula de Jessé, um rapaz da roça, e não o rei Saul e seu exército, que derrubou o gigante Golias, de quase três metros de altura e livrou os israelitas dos filisteus (1Sm 17).

É preciso lembrar que foi uma adolescente, e desterrada que levou Naamã, comandante em chefe do exército assírio, a curar-se da lepra (2Rs 5.1-19).

É preciso lembrar que foi um menino, e não um adulto, que ofereceu seus cinco pães de cevada e dois peixinhos para Jesus multiplicar e matar a fome de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças (Jo 6.9, NTLH).

É preciso lembrar que é do coração e da boca das crianças e dos recém-nascidos, e não dos marmanjões, que Deus suscita o perfeito louvor (Mt 21.16)

Finalmente é preciso lembrar que foi um ex-perseguidor e torturador dos cristãos (Paulo), e não Pedro, nem Tiago nem qualquer outro dos mais influentes líderes da igreja, que a livrou do legalismo, a praga que diminui o valor da graça e aumenta o valor da lei (Gl 2.11-21).

Enquanto a sociedade supervalorizava e supervaloriza os doutores, os poderosos, os nobres de nascimento e a hierarquia, eclesiástica ou secular, Deus continua livre para eleger e usar a seu bel-prazer as pessoas que, sob o ponto de vista humano, parecem desprezíveis e insignificantes (1Co 1.26-29).”

Há cerca de dez anos atrás, me lembro de ter feito um inimigo ao expor a um ministro assembleiano que Deus não tinha compromisso com denominação alguma, mas têm tão somente com a sua Palavra. Não tendo como debater comigo, e rangendo os dentes segurou-me bem firme pelo braço e exigiu que eu fosse embora imediatamente, apesar de estarmos conversando num local público fui embora para não ser agredido fisicamente.

Sonho com dias de evangelho pregado como nos dias apostólicos do Novo Testamento. Que voltem os dias dos Atos dos Apóstolos! Que surjam novos Timóteos, Barnabés, Silas, Epafroditos, Lucas, Lóides, Eunices...