Esse
burro disse o seguinte: “Cuidado com os
crentes nômades”. Essa frase chocante me causou grande indignação e me fez
passar a noite pensando nas razões que levaram a pessoa a afirmar tal absurdo, e,
por conseguinte, nas implicações que um movimento sob essa bandeira pode causar
no rebanho de Deus.
Para
início de conversa é necessário buscar a definição do termo nômade. A Winkipédia
diz o seguinte:
“O nomadismo é a prática dos
povos nômades, ou seja, que não têm uma habitação fixa, que vivem
permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do tipo
caçadores-coletores ou pastores, mudando-se a fim de buscar novas pastagens
para o gado, quando se esgota aquela em que estavam. Os nômades não se dedicam
à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras nacionais na sua busca por
melhores pastagens”.
Por
essa definição, entendo que a falta de uma habitação fixa e a premente
necessidade de alimento são as principais causas das frequentes mudanças. Confronto
essa realidade nômade com a Palavra de Deus e observo que o nomadismo tem tudo
a ver com aquilo que deveria ser a realidade do crente.
Todo
cristão verdadeiramente nascido pela fé em Jesus Cristo mediante a sua graça, em
conformidade com Efésios 2.8, assume uma nova cidadania, não terrena conforme
os padrões desse mundo, mas celestial donde o Todo-Poderoso reina absoluto e
soberanamente.
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador,
o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3.20).
Pedro
chama os crentes de estrangeiros, peregrinos e forasteiros, pessoas normais, porém,
não comuns, possuidores sim de uma cidadania terrena, mas que absolutamente viviam
pela fé nessa presente vida como peregrinos em terra estranha, aguando a
bendita promessa da vinda de Jesus para a confirmação e estabelecimento dessa nova
habitação em glória.
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto,
Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia) (1ª Pedro 1.1)
“Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros...” (1ª Pedro 2.11-a)
Outra
verdade sobre esse assunto está no fato de todo verdadeiro cristão na Bíblia ser
comparado a uma ovelha, e é fato de que nenhuma ovelha permanece viva e
saudável sem ter a sua disposição uma alimentação adequada, equilibrada e
balanceada.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (João 10.27).
2. O que diz as pesquisas sobre essa
anomalia evangélica?
A
edição online da Folha de São Paulo de 15/08/2011 destaca o seguinte:
“O número de evangélicos que
não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu, informa reportagem de Antônio Gois e Hélio Schwartsman, publicada na Folha desta segunda-feira. Segundo a
Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de
evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas. Os
dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a
queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem
religião e neopentecostais. No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da
população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e
agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio
"blend" de crenças - o que reforça a tese da desinstitucionalização.”
Enquanto
as maiorias dos movimentos religiosos propalam o crescimento do número de evangélicos
no Brasil, institutos de pesquisas seculares mostram através de seus dados que
existe uma grave enfermidade no meio religioso brasileiro, evidenciado principalmente
nas denominações do chamado pentecostalismo.
É
alarmante e extremamente preocupante o número de fiéis descontentes e
entristecidos que ano após ano engrossam as fileiras dos ‘sem-igrejas’ no nosso
país. Isso sem falar no incontável número de apóstatas que abdicam da fé em
Jesus e a imensurável multidão de religiosos nominais, que incorporados, incham
as denominações sem deter nenhum tipo de vínculo com a fé cristã.
3. “Ai dos pastores que destroem e
dispersam as ovelhas do meu pasto!", diz o Senhor. (Jeremias 23.1).
Considero
a liderança eclesiástica brasileira como a principal responsável pelo atual
situação do evangelicalismo moderno. Reproduzo abaixo artigo escrito pelo
indignado pastor Ricardo Gondim, na ocasião do escândalo das sanguessugas como
um exemplo vívido de como a fé e os fiéis são usados como massa de manobra pela
liderança.
O Brasil
descobriu que tem lobos vestidos de pastores; uma corja imunda. São os
políticos evangélicos que gatunaram o Ministério da Saúde; testas-de-ferro de
igrejas, apóstolos e bispos mentirosos que afirmavam haver necessidade de
eleger crentes para o Congresso Nacional com um discurso de
que almejavam os interesses do Reino de Deus.
Por favor, não
insistam em me pedir que seja misericordioso com esses ratos alados:
eles sugaram o sangue de brasileiros pobres. A única sugestão que tenho
para eles é que cada um amarre uma corda no pescoço e se jogue de uma
ponte para dentro de qualquer esgoto.
Por favor, não
insistam comigo. Não serei compreensivo. Estou enfurecido. De nada me valerão
argumentos de que esses políticos evangélicos podem ser escuma fétida, mas
que pregam uma mensagem libertadora. Não tolero mais ouvir essa desculpa.
Não acredito que a causa evangélica precise conviver com tanta ignomínia,
desde que "salve almas”. Nenhuma “salvação” seria tão excelente que
justifique essa indecência que veio à tona, mas que há tempos corre
frouxa nos porões das mega "empresas-igrejas" que mercadejam
esperanças.
É
vergonhoso fazer parte de uma geração da qual os líderes amam o supérfluo e
abominam o essencial. Salta aos olhos a intenção dessa corja dominante em
relação à igreja. Utilizam-se da simplicidade dos fiéis para explorá-los sem
misericórdia. São lobos devoradores que envergonham, entristecem e matam o
rebanho de Jesus para depois chama-los de ciganos, ou nômades da fé.
Esses
ditadores cruéis usam descaradamente o doce nome de Jesus para manipular,
enganar e estabelecer reinos para si próprios, homens multimilionários amantes
da luxúria e financiadores da prostituição. Masturbam o ego utilizando como
ferramenta erótica o próprio poder, deles se exala o cheiro pútrido dos seus
pecados. Suas doutrinas é como o banhar-se e tornar a vestir roupa suja, fazer uma
refeição servida em latrinas. Sua mensagem é veneno mortal.
3. Sou nômade e daí!?
A
evidente falta de identidade que grande parte dos nômades da fé tem é
justamente em virtude das patifarias praticadas nos ministérios atualmente. Neste
reino mundano o ministério bíblico é sufocado, lá os contradizentes são
tratados como inimigos de estado, e os dissidentes como traidores. Em suas
catedrais os pregadores sensatos e fiéis são reputados como pessoas nocivas e
perigosas, lá o evangelho é deturpado ao bel prazer da escória (membros) havida
por ensinos mirabolantes e que privilegiam o hedonismo.
Assumo
minha condição de nômade, pois, faço parte de um organismo vivo chamado Igreja
de Cristo, também conhecida e destacada como a noiva do Cordeiro. Repito sem
pudor o que Jesus disse a Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”.
Pregando
numa denominação há alguns anos atrás, fui indagado: Qual a sua denominação?
Respondi sem titubear: Assembleia Universal dos Remidos Pelo Sangue de Jesus.
Entendi que aquele clérigo valorizava o ministro tipo puro-sangue, privilegiava
os nascidos, criados e engessados por seu colégio tendencioso (entenda-se por
visão ministerial) numa semelhança muito triste com a religião nazista do
século passado. Entendi desde então que a religião moderna cria novos Hitler’s
todos os dias.
Em
artigo publicado no Jornal do Brasil (03/09/07), Leonardo Boff lembra que no
quarto século quase todos os bispos aderiram à heresia arianista, segundo a
qual Jesus é apenas semelhante a Deus, e não imagem visível do Deus invisível
(Cl 1.15).
“Foram os leigos que
salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus”, acrescenta Boff.
É preciso lembrar que foi
uma mulher (Débora) e não um homem (Baraque) que tornou possível a vitória de
Israel sobre o rei de Canaã e sobre seus novecentos carros de ferro, depois de
vinte anos de opressão (Jz 4).
É preciso lembrar que foi o
caçula de Jessé, um rapaz da roça, e não o rei Saul e seu exército, que
derrubou o gigante Golias, de quase três metros de altura e livrou os
israelitas dos filisteus (1Sm 17).
É preciso lembrar que foi
uma adolescente, e desterrada que levou Naamã, comandante em chefe do exército
assírio, a curar-se da lepra (2Rs 5.1-19).
É preciso lembrar que foi um
menino, e não um adulto, que ofereceu seus cinco pães de cevada e dois
peixinhos para Jesus multiplicar e matar a fome de cinco mil homens, sem contar
mulheres e crianças (Jo 6.9, NTLH).
É preciso lembrar que é do
coração e da boca das crianças e dos recém-nascidos, e não dos marmanjões, que
Deus suscita o perfeito louvor (Mt 21.16)
Finalmente é preciso lembrar
que foi um ex-perseguidor e torturador dos cristãos (Paulo), e não Pedro, nem
Tiago nem qualquer outro dos mais influentes líderes da igreja, que a livrou do
legalismo, a praga que diminui o valor da graça e aumenta o valor da lei (Gl
2.11-21).
Enquanto a sociedade
supervalorizava e supervaloriza os doutores, os poderosos, os nobres de
nascimento e a hierarquia, eclesiástica ou secular, Deus continua livre para
eleger e usar a seu bel-prazer as pessoas que, sob o ponto de vista humano,
parecem desprezíveis e insignificantes (1Co 1.26-29).”
Há
cerca de dez anos atrás, me lembro de ter feito um inimigo ao expor a um
ministro assembleiano que Deus não tinha compromisso com denominação alguma,
mas têm tão somente com a sua Palavra. Não tendo como debater comigo, e rangendo
os dentes segurou-me bem firme pelo braço e exigiu que eu fosse embora
imediatamente, apesar de estarmos conversando num local público fui embora para
não ser agredido fisicamente.