sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Você se escandaliza? O Fracasso e a frustração fazem parte da minha vida!



Como reconhecer, aceitar e conviver com a realidade de que seu ministério está numa fase de retumbante fracasso? Como lidar com a dúvida e a inquietante sensação de uma vida espiritual comum e extremamente frágil? Como administrar a horrível sensação de que a realidade do pecado é mais próxima para nós mesmos do que para a maioria das pessoas que conhecemos?

Nunca imaginei que o medo, a angústia e a frustração fosse o outro lado da 'moeda'. Nestes poucos mais de vinte e cinco anos de vida cristã, cheguei à conclusão de que é medíocre e sofrível o discipulado que os líderes de nossa denominação ministram aos novos cristãos, que diuturnamente nascem e morrem aos borbotões. São modelados na crença de que o sucesso é a consequência natural dos 'chamados', e que os escolhidos sempre se destacam positivamente nas empreitadas que a eles são confiados. Para a maioria dos cristãos modernos o insucesso é um sinal mais do que claro de que algo vai muito mal na vida espiritual do indivíduo. Obviamente, comigo não foi e nem é diferente!

Fazem-nos acreditar que somos homens sem razão para ter medo, que somos verdadeiros heróis, condecorados numa guerra na qual lutaremos meramente para cumprir tabela, pois a vitória para nós já foi conquistada, entraremos em campo somente para receber os aplausos e os troféus. Não nos ensinam que as pancadas não são de brincadeira. Esquecem de dizer que os nossos inimigos são reais, e ainda que suas armas não são de mentirinha.

Como é duro conviver com uma realidade totalmente oposta, que em absolutamente nada tem nada a ver com a falácia de uma ‘chamada especial’ para uma vida inteira de vitórias e sucessos. Acha forte o que estou dizendo? Observe com atenção as letras da maioria das músicas evangélicas atuais, ou então ligue seu aparelho de televisão em qualquer programa dos tele-evangelistas atuais. Não será uma surpresa se chegar à constatação de que não são mensageiros do verdadeiro evangelho de Jesus. O evangelho que é pregado nestas músicas e pregações não fala de outra coisa senão de uma vida triunfante neste mundo.

Não fomos preparados para admitir que na vida cristã Deus possa perfeitamente conviver com nosso insucesso. Que ao nos contemplar, do alto de seu trono de justiça, santidade e glória, Ele não nos julga pelos nossos feitos ou nossas qualidades. Sua opinião ao nosso respeito não se baseia em conceitos meritocráticos.

Pela graça de Deus, alguns cristãos percebem a tempo esse engodo, engendrado pelo adversário (entenda Diabo), uma doutrina perversa absorta na cultura evangélica brasileira, principalmente nos movimentos apelidados de ‘pentecostais’, que há muito tempo perderam sua identidade e consequentemente o direito de assim ser chamados. Estes cristãos querendo realmente seguir o exemplo e as pisadas de Jesus aprendem a duras penas a aceitar a idéia de um Deus que convive com os erros e fracassos dos seus filhos. Que nunca deixou de ser santo apesar das mentirinhas de Abraão. Que jamais deixou de ser justo apesar da falta de escrúpulos de Davi. Por que será que na Bíblia Deus nunca pretendeu esconder os erros de seus servos? Por que será que hoje nós agimos irremediavelmente ao contrário?

Como é confortador crer em um Deus que encara o desafio de nos santificar pelo simples fato de ser amor em essência, e pela sua imensurável bondade e graça. Quando me coloco no lugar de pessoas como Elias, percebo que desejaria a morte muito antes do que ele. No lugar de Moisés, num lampejo de heroísmo e de justiça sem causa, não teria matado apenas um egípcio. Daquela multidão que levou uma pecadora aos pés do Mestre que escrevia no chão, com certeza, e sem medo de errar, seria um dos acusadores mais entusiasmado. 

Neste momento de doce desilusão é muito contraditório por um lado sentir a dor do fracasso, e por outro saber que isso nada mais é do que a vontade de Deus para minha vida. Então, glória seja dada ao nome do Senhor!



Jesus breve virá!

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