“1 Ao anjo da
igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete
estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2 Conheço as tuas obras, e o
teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que
puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos;
3 e tens perseverança e
por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. 4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro
amor. 5 Lembra-te, pois,
donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não,
brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te
arrependeres. 6 Tens,
porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também
aborreço. 7 Quem tem
ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a
comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” (Apocalipse 2:1-7)
AS QUALIDADES DA IGREJA DE ÉFESO
1. Uma igreja que servia, trabalhando
com zelo na obra do Senhor. “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança...” (Vs. 2-a)
a)
Igreja de uma agenda semanal repleta de atividades.
b)
Uma igreja que se sacrificava, pois o termo "labor" significa "trabalhar até a exaustão".
c)
Os cristãos efésios pagavam um preço para servir ao Senhor. Não existia estrelismo
entre os membros.
d)
Era uma congregação firme, pois o termo "perseverança" significa "resistência em meio às
tribulações".
e)
Resilientes, não desistiam diante da adversidade.
2. Uma igreja separada das falsas
doutrinas e dos seus falsos ensinadores. “... sei que não podes suportar os maus,
e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste
mentirosos.” (Vs. 2-b)
a)
Examinava com cuidado os ministros que a visitavam para determinar se eram
verdadeiros.
“Porque já muitos enganadores saíram
pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o
enganador e o anticristo. Olhai por vós mesmos, para que não percais o fruto do
nosso trabalho, antes recebeis plena recompensa. Todo aquele que vai além do
ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste
ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não
traz este ensino, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o
saúda participa de suas más obras.” (2ª João 1:7-11)
b)
Paulo anteriormente já havia advertido os presbíteros de Éfeso que falsos
mestres surgiriam vindos de fora e até mesmo do meio da igreja.
“Eu sei que depois da minha partida entrarão
no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho, e que dentre vós mesmos
se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após
si. Portanto vigiai, lembrando-vos de que por três anos não cessei noite e dia
de admoestar com lágrimas a cada um de vós.” (Atos 20:29-31)
c)
João os havia instruído a "provar os espíritos".
“Amados, não creiais a todo espírito,
mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído
pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que
Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus
não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido
que havia de vir; e agora já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus, e já
os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está
no mundo. Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os
ouve. Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não
nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (1ª João
4:1-6)
d)
Seguindo o exemplo de Éfeso, a igreja deve estar sempre alerta para detectar e
rejeitar os ministros falsos de Satanás (2 Co 11:1-4, 12-15).
“Oxalá me suportásseis um pouco na minha
insensatez! Sim, suportai-me ainda. Porque estou zeloso de vós com zelo de
Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele
como virgem pura. Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua
astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos
e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém
vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro
espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa
mente o suportais!” (2ª Coríntios 11:1-4)
“Ora, o que faço e ainda farei, é para
cortar ocasião aos que buscam ocasião; a fim de que, naquilo em que se gloriam,
sejam achados assim como nós. Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros
fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar,
porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que
também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais
será conforme as suas obras.” (2ª Coríntios 11:12-15)
3. Os cristãos de Éfeso separavam-se não
apenas de doutrinas falsas, mas também de obras falsas. “Tens, porém,
isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço.” (Vs. 6)
A
forma verbal do termo nicolaíta significa "conquistar o povo". Alguns
estudiosos da Bíblia acreditam que se tratava de uma seita que
"mandava" na igreja, privando o povo de sua liberdade em Cristo (ver
3 Jo 9-11) e que iniciou o que conhecemos hoje como a divisão entre o
"clero" e os "leigos", uma falsa divisão não ensinada em
parte alguma do Novo Testamento. Todo o povo de Deus é "sacerdócio
real" (1 Pe 2:9; Ap 1:6) e tem o mesmo acesso ao Pai por meio do sangue de
Jesus Cristo (Hb 10:19ss). Veremos essa seita perigosa novamente ao estudar a
mensagem para a igreja de Pérgamo.
“Escrevi alguma coisa à igreja; mas
Diótrefes, que gosta de ter entre eles a primazia, não nos recebe. Pelo que, se
eu aí for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós
palavras maliciosas; e, não contente com isto, ele não somente deixa de receber
os irmãos, mas aos que os querem receber ele proíbe de o fazerem e ainda os
exclui da igreja. Amado, não imites o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus;
mas quem faz o mal não tem visto a Deus.” (3ª João 1:9-11)
“Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo todo seu para que proclameis as
grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, vós que
em outro tempo éreis não povo, mas agora sois povo de Deus, vós que não havíeis
alcançado misericórdia, mas agora a tendes alcançado.” (1ª Pedro
2:9-10)
“Tendo pois, irmãos, ousadia para
entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos
inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, e tendo
um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração,
em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo
lavado com água limpa, retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança,
porque fiel é aquele que fez a promessa; e consideremo-nos uns aos outros, para
nos estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação,
como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais,
quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hebreus
10:19-25)
4. Os cristãos de Éfeso eram um povo
sofredor. “e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não
desfaleceste.” (Vs. 3)
Suportavam
pacientemente seus fardos e labutava sem esmorecer. Fazia tudo isso por amor ao
nome do Senhor! Ao examinar essa congregação de vários ângulos diferentes, ela
parece perfeita. No entanto, Aquele que estava entre os candeeiros via o
coração dos efésios, e, portanto, seu diagnóstico é diferente do nosso.
UMA
IGREJA COM SÉRIOS PROBLEMAS AMOROSOS.
1. Os crentes de Éfeso haviam abandonado
o exercício do primeiro amor. “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro
amor.” (Vs. 4)
a)
Os efésios haviam abandonado seu primeiro amor!
Apresentavam
"obras, labor, perseverança...", mas essas qualidades não eram
motivadas pelo amor a Cristo. O que fazemos para o Senhor é importante, mas
o motivo pelo qual o fazem os também importa! Compare no versículo abaixo a
diferença entre os Tessalonicenses e os Efésios.
“Lembrando-nos sem cessar da vossa obra
de fé, do vosso trabalho de amor e da vossa firmeza de esperança em nosso
Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai.” (1ª
Tessalonicenses 1:3)
b)
O que é primeiro amor?
É
a devoção a Cristo que caracteriza, com frequência, o recém-convertido:
fervorosa, pessoal, desinibida, empolgada e demonstrada abertamente. É o amor
da "lua-de-mel" de um casal. Apesar de ser verdade que o amor
conjugal maduro torna-se cada vez mais profundo e rico, também é verdade que
nunca deve perder a empolgação e o fascínio dos primeiros dias de lua-de-mel.
Quando o marido e a esposa deixam de dar o devido valor um ao outro e a vida se
torna rotineira, o casamento corre perigo.
“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua
mocidade, do amor dos teus desposórios, de como me seguiste no deserto, numa
terra não semeada.” (Jeremias 2:2)
c)
É possível servir, sacrificar-se e sofrer "por causa do meu nome" e,
no entanto, não amar Jesus Cristo verdadeiramente!?
Os
cristãos de Éfeso estavam tão ocupados mantendo sua separação que deixaram de
lado a adoração. O trabalho não substitui o amor; a pureza não substitui o
fervor. A igreja precisa tanto de uma coisa quanto de outra a fim de
agradar ao Senhor.
Ao
ler a epístola de Paulo aos efésios, há pelo menos vinte referências ao amor.
Também se vê que Paulo enfatiza a posição exaltada do cristão "em Cristo
[...] nos lugares celestiais". Mas a igreja de Éfeso havia caído e não
vivia à altura de sua posição exaltada em Cristo (Ap 2:5). Só é possível
servir a Cristo fielmente amando-o sincera e fervorosamente (Ef 6:24).
2. Recuperando o primeiro amor. “Lembra-te, pois,
donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (Vs. 5)
a)
Em primeiro lugar é necessário lembrar (literalmente, "continuar
lembrando") o que foi perdido e cultivar o desejo de restabelecer a
comunhão íntima.
b)
Em segundo lugar, é preciso arrepender-se (mudar de ideia) e confessar os
pecados ao Senhor.
“Se confessarmos os nossos pecados, ele
é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1ª João 1:9)
c)
Em terceiro lugar, deve-se voltar a pratica das primeiras obras, o que
indica restaurar a comunhão inicial, rompida pelo pecado e pela negligência.
Para o cristão, isso significa orar, ler a Bíblia e meditar sobre ela, servir
em obediência e adorar.
3. Por falta desse amor, Éfeso é uma igreja que deixou
de brilhar e que não existe mais. “e se não, brevemente virei a ti, e
removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.” (Vs. 5-B).
Apesar
dos privilégios que havia desfrutado, a igreja de Éfeso corria o risco de
perder a luz! Por mais correta que seja sua doutrina, a igreja que perde o amor
logo perde também a luz. "Venho a ti" (Ap 2:5) não é uma referência à
volta de Cristo, mas sim à vinda de seu julgamento naquele momento e naquele
lugar. Hoje, a cidade gloriosa de Éfeso não passa de um montão de pedras
onde não brilha mais luz alguma.
CONCLUSÃO: A igreja de Éfeso era uma "igreja descuidada",
constituída de cristãos descuidados que negligenciaram o amor por Cristo. Será
que não estamos fazemos o mesmo?
BIBLIOGRAFIA
Bíblia
NVI – Nova Versão Internacional
Bíblia
ARA – Versão Almeida Atualizada
Comentário
Bíblico Exaustivo do NT - Warren W. Wiersbe
Igrejas
sem brilho – Emílio Conde
Uma igreja sem propósitos – Jorge Henrique Barro
Nenhum comentário:
Postar um comentário